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12 livros para conhecer melhor a riqueza cultural da África

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Que espaço os autores africanos ocupam na sua estante?

As histórias da África e do Brasil estão dolorosamente entrelaçadas pela dominação colonial europeia. Por isso, para conhecer nosso passado, é fundamental aprofundar nossas referências sobre o continente africano, um território frequentemente retratado por lentes reducionistas. Por isso, reunimos aqui algumas dicas para você mergulhar na literatura africana.

Vale dizer que a África é composta por 54 países e reúne uma diversidade cultural e linguística impressionante. São mais de dois mil idiomas falados no continente, o que representa um terço dos idiomas do mundo todo. Isso sem contar os oito mil dialetos que também constituem essa fantástica paisagem de palavras. Dá para imaginar a riqueza da literatura que surge em um lugar tão multifacetado, né?

Em outubro de 2017, a TAG teve um marco importante na sua história. Foi a primeira vez que enviamos um livro inédito no Brasil para os associados, e essa caixinha tão especial envolveu duas escritoras nigerianas que a gente ama. A curadora Chimamanda Ngozi Adichie indicou o livro As alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta, autora que nunca tinha sido publicada por aqui.

De lá para cá, a gente reforça sempre que possível o nosso compromisso em levar aos associados dos clubes histórias que possam expandir a relação de cada um com a literatura produzida na África, com novos países e grandes autores.

Veja abaixo nossa seleção de 12 obras para conhecer a encantadora produção literária desse continente. Tem livros da Nigéria, Angola, Congo, Tanzânia, Quênia, Moçambique e Somália. Dá uma olhada!

ASSINE A TAG E LEIA MAIS LONGE!

Nigéria

As alegrias da maternidade, Buchi Emecheta

Nnu Ego, jovem da etnia igbo, tem uma tarefa a cumprir nesta vida: gerar filhos. Com uma escrita clara, fluida e envolvente, a autora enreda o leitor neste universo impressionante, onde misteriosos guias espirituais têm nas mãos os dados do futuro, onde regras centenárias se impõem sobre o direito pessoal, onde homens comandam cegamente o destino de esposas e filhas.

Enviado pela TAG Curadoria em outubro de 2017, indicação de Chimamanda Ngozi Adichie.

Tudo de bom vai acontecer, Sefi Ata

Enitan é testemunha da deterioração lenta do casamento dos pais após a morte do filho caçula. Com a perda, sua mãe se torna uma religiosa inflamada e o pai se mostra tão machista quanto os outros homens da sociedade de Lagos, apesar de ser um advogado progressista. No pano de fundo está a autoridade militar da Nigéria nas décadas de 1970 e 1980. Ao mesmo tempo, a narrativa é uma campanha silenciosa de amadurecimento contra a corrupção política no país e a repressão às mulheres.

Enviado pela TAG Curadoria em setembro de 2020, indicação de Luísa Geisler.

A garota que não se calou, Abi Daré

Com esperança inabalável e uma graça particular, a narradora deste livro relata o simples desejo de aprender o mundo. Adunni é uma adolescente crescendo em uma vila rural nigeriana. Ela quer falar com a própria voz e ser ouvida por um mundo que lhe golpeia sistematicamente. Apesar dos obstáculos, a protagonista nunca perde de vista seu objetivo de escapar da vida de pobreza em que nasceu para poder construir o futuro que escolheu para si mesma – e ajudar outras meninas como ela a fazer o mesmo.

Enviado pela TAG Inéditos em abril de 2021.

Angola

A visão das plantas, Djaimilia Pereira de Almeida

Este romance sobre as ambiguidades de uma trajetória assombrosa se detém sobre a vida de um capitão de navio negreiro que, na aposentadoria, se dedica a cuidar do próprio jardim. Uma história que une de forma brutal o passado de Portugal, África e Brasil. Com uma prosa arrebatadora, a autora faz uma reflexão sobre o bem e o mal, sobre a capacidade de admiração da beleza e sobre um doloroso acerto de contas – ou a impossibilidade dele. Terno, doído e surpreendente. Da vencedora do Prêmio Oceanos de Literatura 2019 e 2020.

Os da minha rua, Ondjaki

Nos 22 textos que compõem este livro, Ondjaki traz à tona suas memórias da infância. Ele evoca músicas, cheiros e lugares para pintar a Luanda das décadas de 1980 e 1990. Registrando o cotidiano em uma linguagem atravessada pela poesia e próxima da oralidade, o escritor lembra de amigos, da família, das festas e das paixões. Um relato intimista que mistura biografia e ficção, trazendo, ao mesmo tempo, uma perspectiva histórica.

Luuanda, José Luandino Vieira

Em três contos, o escritor luso-angolano retrata o cotidiano dos habitantes de bairros pobres de Luanda durante o período colonial. O autor expõe os laços, conflitos e sonhos dos angolanos num contexto de opressão a partir de uma linguagem rica e expressiva, marcada pela tradição oral.

Quênia

Sonhos em tempo de guerra, Ngũgĩ wa Thiong’o

Um dos autores mais influentes da literatura contemporânea africana narra sua infância em uma região rural do Quênia. Seu pai era polígamo e a família, formada por quatro esposas e 24 filhos, era uma comunidade. Ele descreve o conjunto de tradições, vivências e memórias que o constituíram, sob o impacto da Segunda Guerra Mundial nas colônias britânicas. Nas partilhas ao redor do fogo e na sede insaciável de aprendizado, o autor situa suas origens como contador de histórias.

Enviado pela TAG Curadoria em agosto de 2021, indicação de Jeferson Tenório.

Moçambique

Niketche: uma história de poligamia, Paulina Chiziane

Marco da literatura moçambicana, esta é uma narrativa que questiona as tradições e debate, como nunca antes, as condição feminina na sociedade. Em uma tentativa de salvar seu relacionamento e seguindo os moldes da sociedade em que vive, Rami se une às amantes de Tony e exige que ele se case também com as outras quatro mulheres, seguindo o costume da poligamia — somente assim os direitos e a honra das cinco estaria garantido. Mas essa união provoca desdobramentos até então inimagináveis. Obra-prima da vencedora do prêmio Camões 2021.

Estórias abensonhadas, Mia Couto

Depois de quase trinta anos de guerra, Moçambique vive um período de paz. Neste livro, o premiado escritor Mia Couto capta um país em transição em sua característica prosa poética. Ele tece pequenas fábulas e registros que, sem irromper em grandes acontecimentos, capturam os movimentos íntimos dessa passagem.

Congo

Moisés negro, Alain Mabanckou

Nos anos 1970, o pequeno Moisés desenvolve as artes da sobrevivência num orfanato na República do Congo. Educado por um padre católico e driblando o autoritarismo do diretor da instituição, o menino é apelidado de Pimentinha. Aos poucos, amadurece e passa a flertar com a loucura entre órfãos, ladrões, prostitutas e outros excluídos de um país chacoalhado por uma revolução comunista. Segundo Mia Couto, “Moisés negro é um livro sobre todos nós, sobre a tragédia e a esperança do nosso mundo”.

Enviado pela TAG Curadoria em dezembro de 2020, indicação de Mia Couto.

Somália

Menino mamba-negra, Nadifa Mohamed

Jama é um menino de dez anos que se vê sozinho no mundo após a morte inesperada da mãe. Para chegar na Somália, terra de seus ancestrais nômades, ele cruza o Mar Vermelho, à mercê da truculência dos colonizadores europeus. Ao mesmo tempo, uma linha quase invisível de esperança atravessa o enredo em momentos mágicos. Entre romance histórico e aventura, a narrativa percorre países como Djibouti, Eritreia, Sudão e Egito, evidenciando como a Segunda Guerra Mundial afetou a África e seu povo.

Enviado pela TAG Inéditos em novembro de 2021.

Tanzânia

À beira-mar, Abdulzarak Gurnah

Uma das obras mais emblemáticas do escritor tanzaniano laureado com o Nobel de Literatura. Publicado originalmente em 2001, o livro mostra o ponto de vista de dois homens sobre conflitos familiares do passado. A trama une habilmente episódios pessoais e eventos históricos ligados ao colonialismo na África Oriental. Gurnah cria personagens envoltos em relações complexas, e nada do que ocorre na trama nos sugere respostas imediatas.

Enviado pela TAG Curadoria em julho de 2022.

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