Entramos em uma grande semana para os amantes da literatura, com a estreia na Netflix da aguardada série inspirada no maior clássico do realismo mágico, Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez. Nesta quarta-feira, 11 de dezembro, os oito primeiros episódios que integram a Parte 1 da produção chegam à plataforma de streaming. Assista o trailer aqui!
Com direção da colombiana Laura Mora Ortega e do argentino Alex García López, a série teve produção executiva dos filhos do autor, Rodrigo García e Gonzalo García Barcha. A Parte 2, com outros oito episódios, ainda não tem data de estreia oficial.
Adaptar uma obra literária de tamanha importância para a linguagem das telas raramente passa sem polêmicas. Afinal, quem é apaixonado por livros sabe que os recortes escolhidos pelo roteiro audiovisual dificilmente dão conta da imensidão do imaginário que flui no encontro dos leitores com as páginas. Por outro lado, ver aquela história, personagens e cenário ganharem materialidade diante dos nossos olhos também pode ter um gostinho especial.
Por aqui, a empolgação com a série nos deu ainda mais motivos para falar de Cem anos de solidão. A vontade é de reler o livro e, assim, voltar à mítica e inesquecível Macondo. A localidade, incrivelmente representativa da realidade latino-americana, foi criada por García Márquez inspirada em sua cidade natal, Aracataca. Lançado originalmente em 1967, o romance vendeu mais de 50 milhões de cópias e foi traduzido para mais de 40 idiomas.
García Márquez, a utopia e a realidade latino-americana
Em 1986, quando a Academia Sueca contemplou Gabo com o Prêmio Nobel de Literatura, o escritor proferiu um discurso que faz uma síntese precisa e comovente sobre sua própria obra e uma ode à literatura latino-americana como reflexo da complexa realidade social deste pedaço do continente. São palavras a revisitar sempre que possível, assim como as preciosas narrativas literárias que o colombiano deixou como legado a todos nós.
“Cara a cara com esta realidade horrenda que pode ter parecido uma mera utopia em toda a existência humana, nós, os inventores das fábulas, que acreditamos em qualquer coisa, nos sentimos inclinados a acreditar que ainda não é tarde demais para nos engajarmos na criação da utopia oposta.
Uma nova e avassaladora utopia da vida, onde ninguém será capaz de decidir como os outros morrerão, onde o amor provará que a verdade e a felicidade serão possíveis, e onde as raças condenadas a cem anos de solidão terão, finalmente e para sempre, uma segunda oportunidade sobre a terra.”
– Trecho do discurso de Gabriel Garcia Márquez na premiação do Nobel de Literatura, em 1986
Se você ainda não leu Cem anos de solidão, fazemos coro à multidão de pessoas tocadas profundamente por essa obra no mundo inteiro. Leia, assista a série, fale e pense sobre livros. Vamos espalhar as férteis e poderosas sementes que grandes autores são capazes de plantar com clássicos como esse. Conte com a TAG nessa jornada pela literatura!
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Netflix sempre cirúrgica em suas adaptações, espero que venha mais séries de livros!