A TAG Curadoria nos traz neste mês duas histórias do autor suíço Friedrich Dürrenmatt, dramaturgo e escritor de romances policiais. Bem, A promessa é o antirromance policial, e seu narrador, o doutor H., um policial suíço aposentado, conta esta história a um escritor acusando-o de, em prol da literatura, pasteurizar suas tramas e aparar as arestas dos personagens a fim de chegar à solução perfeita para os seus livros.
Mas a ficção são as cinzas da vida, já escreveu Marguerite Yourcenar. E, enquanto o fogo arde, é quase sempre impossível moldar os fatos num arranjo convincente. Assim, o doutor H. nos apresenta a história de Matthäi, um comissário de polícia que cai em profundo desespero ao não conseguir solucionar o bárbaro assassinato de uma garotinha de 8 anos num pequeno povoado suíço. O crime guarda profundas semelhanças com outros dois, e Matthäi, ao ver o desespero da família da menina morta, jura-lhes encontrar o assassino. Então, o inteligente Matthäi monta uma intrincada teoria sobre o serial killer e prepara-lhe aquilo que ele considera a armadilha perfeita.
Se a vida fosse um livro, um enredo sopesado e planejado nos mínimos detalhes, Matthäi teria sucesso garantido em sua empreitada justiceira; e o leitor – acostumado aos calculados desvios e aos súbitos (porém planejados) despenhadeiros das histórias, lê este pequeno romance com o coração nas mãos. Mas seu final, totalmente inesperado, é ao mesmo tempo chocante e desanimador, tão destituído de lógica ou de justiça como a própria vida, esta senhora cheia de caprichos e de crueldades – talvez a grande serial killer da história de Friedrich Dürrenmatt.
Um belo livro, magnético e angustiante, sobre o desespero, o acaso e a injustiça que nos seguem por todos os lados, sem documentos, sem autorizações prévias, sem ter de dar explicação a quem quer que seja, adulterando histórias e transformando destinos com a empáfia do imponderável.
De quebra, temos também um impressionante conto de Dürrenmatt, A pane. Pelas garras deste autor meticuloso e implacável, mais um personagem se vê diante do inesperado, quando seu carro quebra numa pequena cidadezinha e ele acaba como hóspede de um juiz aposentado, que o convida para uma curiosa tertúlia com alguns vizinhos da região. Um conto assombroso, como parece ser toda a obra de Friedrich Dürrenmatt, cuja máxima pessoal era: “Uma história não está terminada até que algo tenha dado profundamente errado”. Touché.
Estilo literário muito diferente com necessidade de tanta atenção para não se perder na história que perdi um pouco o prazer e a avidez pelo término. Não foi de todo uma leitura empolgante apesar da riqueza de elementos e finais não esperados..
Estilo diferente e bastante interessante. Não conhecia o autor e adorei as duas obras. Uma boa surpresa.
TAG – Experiências Literárias!!!TAG!! Corrija um erro, rápido!!! Na crítica ao livro de outubro (seção spoiler da revistinha) a autora da crítica atribui erroneamente ao autor do livro de outubro três romances que são de Italo Calvino!! Erro grave, isso não pode acontecer numa revista literária!!
Oi, Cláudia! Você tem toda a razão. Esse tipo de erro não pode acontecer e a errata sairá na revista de dezembro (pois a revista de novembro já foi impressa). Já mudamos processos de revisão por aqui para que isso não volte a acontecer.