Você já ouviu falar da Geração Beat? Ela surgiu do encontro de três jovens estudantes na Universidade Columbia, em Nova York. O movimento se instaurou em uma sociedade marcada por valores tradicionais e conservadores que sustentavam a prosperidade econômica da América pós Segunda Guerra Mundial. Contudo, essa tranquilidade se transformaria em uma ansiedade paranoica gerada pelo medo do que era considerado “antiamericano”, visto que o país estava prestes a entrar no período da Guerra Fria.
Em oposição a esses valores, os escritores Beat ecoaram um grito de rebeldia valendo-se de diferentes estilos e temas literários. O termo beat, presente no falar das ruas, significa “quebrado, pobre, sem domicílio”, reforçando o mito da geração perdida. O movimento cultural, artístico e social independente figurou como símbolo de resistência ao materialismo, à ordem e às convenções preestabelecidas. Uma segunda definição da expressão está relacionada à beatitude, que significa a contemplação da natureza e da espiritualidade individual.
Allen Ginsberg (1926 – 1977), um dos principais escritores beat, teve uma infância difícil em função da instável saúde psicológica de sua mãe. Durante a faculdade, paralelamente às aflições em relação à sua homossexualidade reprimida, considerada crime na época, Ginsberg começou a escrever poesia com mais intensidade. Em 1955, após ter se mudado para São Francisco, o autor realizou uma primeira leitura pública do seu poema, Uivo (1956), um grito em cólera contra o conformismo e a estagnação das ideias, escrito em longas frases, segundo o ritmo da respiração e da conversa. O poema foi inspirado no estilo eloquente e romântico de William Blake e de Arthur Rimbaud e na síncope urbana do jazz be-bop que tocava nos clubes do Harlem, que ele frequentava com o resto da turma beat. Em 1943, Allen Ginsberg começa seu primeiro ano na faculdade e logo encontra Jack Kerouac e William Burroughs.
Jack Kerouac (1922 – 1969), considerado um dos expoentes do movimento, tornou-se conhecido como “O Rei dos Beats”, embora ele recusasse o termo. Nascido em uma família de imigrantes católicos franco-canadenses, Jack começou a escrever diários desde cedo, misturando um tipo de expressão criativa vinculada a pensamentos e ideias desorganizadas. Após ter largado a universidade e a marinha, Kerouac lançou-se em uma escrita que buscava uma prosa espontânea e que culminou na publicação de On the road (1957), um livro com apenas um parágrafo de trinta e seis metros, redigido em somente três semanas.
William Burroughs (1914 – 1997) nasceu em uma família aristocrata americana, cujas expectativas para o futuro do jovem foram contrariadas pelo seu caráter boêmio e desregrado. Amigo de Kerouac e Ginsberg, Burroughs era conhecido como junkie da turma. Em função dos seus problemas com a polícia por uso de drogas, o escritor partiu com a família para o Texas, onde colecionou inúmeras armas e, em uma noite de festa, atirou sem querer em sua esposa, matando-a. Condenado por homicídio culposo, William instalou-se em Tânger, onde escreveu Almoço nu (1959), um dos romances mais importantes do século XX.
Eu acho a temática do movimento Beat super interessante. Já li Almoço Nu e On the Road, ótimas leituras que recomendo muito!
Esse lance de um parágrafo e tantos metros redigidos, temos um brasileiríssimo que fez algo beeeeeem semelhante.. embora o livro nem inicia com parágrafo, e sim já no meio da frase.. Assim começa Catatau, do paranaense Paulo Leminski..
Tag, por favor… quando teremos On the road numa caixinha??? Ansiosa por um Kerouac…
Burroughs estudou em Harvard.
Movimento de uma burguesia mimada e falida