Original, prolífica e multifacetada, a célebre escritora francesa é até hoje uma das mais lidas de seu país. Também, pudera. Marguerite Duras soube como ninguém transpor uma biografia interessantíssima em narrativas íntimas, arrebatadoras, cheias de camadas. E fez isso em múltiplas linguagens: na literatura, no cinema e no teatro. O amante, obra-prima da escritora, é o livro do mês da TAG Curadoria — ao mesmo tempo um clássico e um best-seller, com 2,5 milhões de exemplares vendidos apenas na França. Abaixo a gente te dá ótimos motivos para se jogar nessa autora fundamental da literatura contemporânea.
1. FÃ-CLUBE DE RESPEITO
O curador do mês, Édouard Louis, está longe de ser o primeiro arrebatado pela escrita da autora francesa. A legião de admiradores de Duras inclui ainda intelectuais como o psicanalista Jacques Lacan, o filósofo Michel Foucault e os escritores Hélène Cixous, Roland Barthes e Elena Ferrante.
“Seu talento artístico sugere que a arrebatadora é Marguerite Duras, e nós, os arrebatados.”
— Jacques Lacan
2. PRECURSORA DA AUTOFICÇÃO
A autora do mês tomou a dianteira no gênero que hoje conhecemos como autoficção. Combinando elementos biográficos e universo ficcional, suas narrativas movimentam questões sempre em aberto sobre os distanciamentos e aproximações entre as experiências pessoais do autor e suas criações literárias.
Filha de dois professores franceses, a autora de O amante nasceu Marguerite Donnadieu em Saigon, na Indochina colonial, atual Vietnã, em 1914. Viveu toda infância e adolescência na colônia e só conheceu a França aos 18 anos, quando foi cursar a faculdade de Direito em Paris. Quando concluiu os estudos, a Europa já estava tomada pelas tensões políticas que antecederam a Segunda Guerra Mundial. A escritora então filiou-se ao Partido Comunista, casou-se e, quando Paris foi ocupada pelos nazistas, participou da Resistência Francesa. Na mesma época, começou a escrever ficção. E é essa movimentada biografia que permeia profundamente sua obra.
3. LINGUAGENS MÚLTIPLAS
Marguerite Duras foi uma figura notadamente versátil em sua expressão artística. Escreveu algumas dezenas de romances, foi uma prolífica roteirista e diretora de cinema — com uma obra que influenciou o cineasta Jean-Luc Godard —, escreveu mais de dez peças de dramaturgia e uma porção de ensaios.
4. ESCRITA ÍNTIMA
Ao lançar seu olhar curioso, inventivo e original sobre acontecimentos da própria vida, a autora construiu narrativas atravessadas pela intimidade, que lembram o tom de um diário — ou, quem sabe, de uma sessão de análise. Suas histórias sustentam alguns enigmas, favorecendo que o encontro de cada leitor com o texto seja profundamente singular.
“Duras não escreve uma história, ela nos conta uma história. Com ela, passamos da literatura que diz ‘aqui está uma história’ para uma literatura que diz ‘eu estou falando com você’. Todo o tom, a forma, o estilo e a construção do livro são impregnados pelo íntimo. E a intimidade também é uma força de confronto. Através dela, o autor convida o leitor para seu espaço pessoal, fala olhando diretamente nos olhos, e não há como escapar.”
— Édouard Louis, o curador do mês.
5. COLONIALISMO NA ÁSIA
Nascida em 1914 na Indochina Francesa, atual Vietnã, Duras levou a complexa teia de relações do colonialismo europeu na Ásia para o pano de fundo de vários de seus livros. Seu primeiro sucesso na literatura foi Barragem contra o Pacífico (1950), em que narra as muitas desilusões de sua mãe e a luta para criar os três filhos na colônia francesa após a morte do marido.
Em O amante (1984), ela volta à mesma ambientação geográfica para narrar o período de transição de uma adolescente francesa que se envolve com um rico homem chinês, doze anos mais velho. Com ele, a jovem embarca no prazer desesperado das extravagâncias sexuais e financeiras que contrastam com a dura realidade social e afetiva de sua família. O contexto político aparece através da vivência subjetiva dos personagens, oferecendo ao leitor uma aproximação instigante com um cenário pouco explorado na literatura ocidental.
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