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Curiosidades literárias

10 livros brasileiros que marcaram cada década do século XX

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Luise Spieweck Fialho - Redação
Luise Fialho

No dia 1º de maio, além do Dia do Trabalho, comemora-se o Dia da Literatura Brasileira. A data coincide com o nascimento, em 1º de maio de 1829, de José de Alencar, um dos mais proeminentes escritores brasileiros e reconhecido por desenvolver personagens e enredos típicos do Brasil quando o país ainda estava em processo de formação como nação independente.

Em comemoração à data, separamos 10 livros do século XX que marcaram a produção literária do país de acordo com suas datas de publicação.

Década de 00 – Os sertões (1902) – Euclides da Cunha

Nessa obra, um retrato do Brasil do fim do século XIX que traz como tema a Guerra dos Canudos (1896 – 1897), Euclides da Cunha tece uma rica narrativa que mescla Literatura, Sociologia, Antropologia, História, Geografia e Geologia. O livro se divide em três partes e descreve, em cada uma delas, a região nordestina (A Terra), o sertanejo e seus costumes (O Homem) e os fatos da guerra que dizimou Canudos (A Luta). É considerada uma das maiores obras brasileiras já escritas.

Década de 10 – Triste fim de Policarpo Quaresma (1915) – Lima Barreto

O protagonista que dá título ao livro é notável por seu patriotismo exaltado e seus ideais ingênuos. Policarpo vivia em busca daquilo que considerava verdadeiramente brasileiro, desde a comida e as roupas que vestia até os estudos do tupi-guarani. Seu destino é traçado conforme ele toma parte na Revolta da Armada (1891 – 1894), movimento de rebelião contra o governo de Floriano Peixoto. Publicado originalmente em formato de folhetim em 1911, Triste fim de Policarpo Quaresma virou livro apenas em 1915, custeado por Lima Barreto.

Década de 20 – Macunaíma (1928) – Mário de Andrade

O livro busca as raízes brasileiras a partir das tradições orais e folclóricas do país e cria um mito de formação do povo a partir das aventuras de Macunaíma. Ele é “o herói sem nenhum caráter”: uma de suas características para tal se manifesta no bordão “Ai, que preguiça!”. A obra aproxima a língua escrita da língua falada e é marco do modernismo brasileiro.

Década de 30 – Capitães da areia (1937) – Jorge Amado

O romance acompanha a vida de um grupo de meninos de rua, os Capitães da Areia, que vivem sob um trapiche na cidade de Salvador e aterrorizam os moradores locais com seus atos de violência. Ao mesmo tempo em que mostra as tristes e chocantes condições nas quais vivem os garotos, que precisam se portar como adultos em nome da sobrevivência, a história não deixa de apontar que eles também são sonhadores e ingênuos como qualquer criança. O livro não tem apenas um protagonista e desenvolve diversos personagens marcantes, entre eles Pedro Bala (o líder do grupo), Gato, Professor e Dora.

Década de 40 – O continente (1949) – Erico Verissimo

O continente é a primeira parte da monumental trilogia O tempo e o vento, publicada entre 1949 e 1962 (se seguem a ela O retrato O arquipélago) e que acompanha a evolução da história do Rio Grande do Sul e do Brasil por um período de 150 anos. Na abertura da saga, são apresentadas as origens históricas da família Terra Cambará, cuja formação é ponto de partida para o desenvolvimento de uma obra de mais de 2.800 páginas.

Década de 50 – Grande sertão: Veredas (1956) – João Guimarães Rosa

A trama do livro é contada em primeira pessoa por Riobaldo, um ex-jagunço que rememora sua história e seu amor pelo então jagunço Diadorim. Na narrativa, o personagem tece um relato de sua vida, em uma trajetória de descoberta do sertão e dele mesmo. Considerado uma das obras mais importantes da língua portuguesa, o livro se destaca pela originalidade de estilo narrativo e pela linguagem de Guimarães Rosa, marcada pelos neologismos.

Década de 60 – A paixão segundo G.H. (1964) – Clarice Lispector

O enredo desse livro parece, num primeiro momento, simples: G.H., como é identificada a personagem principal, tenta limpar o quarto de sua empregada após demiti-la. Esse ponto de partida resulta em uma das cenas mais emblemáticas da literatura brasileira, na qual a protagonista come uma barata morta. Assim como outras obras de Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. é uma narrativa introspectiva e permeada por fluxos de consciência.

Década de 70 – As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles

No auge da Ditadura Militar no Brasil, Lygia Fagundes Telles lançou esse romance contestador e árduo, que aborda temas como a repressão e a tortura. O livro, que traz o pano de fundo histórico da época, retrata o relacionamento de três universitárias que vivem em um pensionato em São Paulo em meio a conflitos íntimos, políticos e sociais. A escritora foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em 2016.

Década de 80 – Viva o povo brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro

Viva o povo brasileiro recria, através da ótica de múltiplos cidadãos, a história do país, em um recorte temporal que se desenvolve em grande parte durante o século XIX mas que abrange quase 400 anos. Realidade e ficção fazem parte dessa narrativa grandiosa, que consagrou João Ubaldo Ribeiro como um dos grandes escritores do Brasil.

Década de 90 – Estorvo (1991) – Chico Buarque

Estorvo é o primeiro romance de Chico Buarque e aquele que revelou o consagrado músico brasileiro como também excelente escritor. Narrado em primeira pessoa, o livro explora um narrador-personagem atormentado pela solidão de seu mundo estranho. Aclamado pela crítica, o livro venceu o Prêmio Jabuti na categoria Romance em 1992.

Esses são apenas alguns dos muitos livros marcantes da literatura do nosso país, que deve ser cada vez mais lida e celebrada. Pra você, qual o livro mais marcante da década em que nasceu? Deixe nos comentários!

4.8/5 - (25 avaliações)

6 comments

    • Perfeito, Luiz, não se pode ignorar Vidas Secas!! E sejamos francos, Capitães de Areia é uma obra bem mais ou menos!!!!

  • Ótimos livros!

    Tag, por favor, faz uma coleção dos clássicos da literatura brasileira com edições exclusivas para os associados. Exemplo: uma nova edição (ilustrada) de Harry Potter está sendo lançada, se não me engano, desde 2017, e de lá pra cá está sendo lançado um livro da saga por ano. Vocês poderiam lançar a cada 2 meses ou como acharem melhor. Eu amaria ter esses clássicos em uma edição Tag. ♡

  • Não consigo visualizar a década de 30 sem o magnânimo título Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Não sei qual foi o critério de escolha, mas essa é minha humilde visão. Ótima ideia de texto para o blog.

  • Esqueceram de Quarto de Despejo escrito por Carolina Maria de Jesus na década de 60, vendendo mais livros que Jorge Amado e Clarice, juntos.

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