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Indicações de livros

Alberto Manguel, o garoto que lia para Jorge Luis Borges

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Luise Spieweck Fialho - Redação
Luise Fialho

Nascido na Argentina, em 1899, ele é um dos pais do realismo fantástico. Antes de falar espanhol, aprendeu com a avó a língua inglesa, idioma no qual fez suas primeiras leituras. Em 1955, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da Argentina. Esse é Jorge Luis Borges, um dos mais importantes escritores latino-americanos de todos os tempos.

Borges alcançou a fama mundial com seus contos, publicados a partir da década de 1930. Esses escritos estão reunidos em diversas coletâneas, entre elas, as célebres Ficções (1944) e O Aleph (1949). Já em 1956, quando passou a lecionar literatura inglesa e americana na Universidade de Buenos Aires, o escritor estava impedido de ler e escrever adequadamente devido à cegueira que progredia aos poucos.

Um encontro, entretanto, marcou as vidas do grande escritor e de um outro argentino, 49 anos mais jovem que ele: durante a adolescência, Alberto Manguel trabalhou em uma biblioteca de Buenos Aires onde conheceu Jorge Luis Borges, frequentador assíduo do local. Borges, então, elegeu o jovem Manguel como um de seus “leitores em voz alta” para sessões que se repetiam diversas vezes ao longo da semana, na casa do próprio escritor.

“Eu era um adolescente que, com aquela arrogância típica da juventude, acreditava estar fazendo um favor a um velho cego e não me dava conta de quanto eu aprendia lendo para Borges”, diz Manguel, que hoje é ensaísta, editor, tradutor, romancista e também um dos mais destacados historiadores culturais da atualidade. Os quatro anos de convivência com Borges deixaram profundas marcas na percepção e na produção literária de Manguel. Em 2003, lançou o livro Con Borges, no qual relembra aquilo que viveu junto ao grande escritor. Em junho de 2017, o historiador foi eleito diretor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires.

A partir dos anos 2000, Alberto Manguel mudou-se para a França e comprou, com seu companheiro, um presbitério medieval, e nele montou uma fantástica biblioteca com cerca de 35 mil volumes. Infelizmente, hoje os livros já não se encontram lá – foram recentemente embalados e retirados, em um processo tão profundo e melancólico que fez Manguel escrever Mientras embalo mi biblioteca (2017, sem tradução para o português), seu último lançamento dentre os mais de 40 títulos que já publicou. O sofrimento não poderia ser mais esperado, tendo em vista que, assim como seu mentor Borges, é muito provável que Manguel visualize o paraíso como “uma espécie de biblioteca”.

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