Ao ler Pactos mortais, o livro do mês da TAG Inéditos, fica claro que a busca por justiça e a crítica ao sistema jurídico são temas importantes para Steve Cavanagh. Mais do que um romance policial centrado em um crime e na sua resolução, o livro constrói uma discussão fortemente ligada à impunidade, busca por vingança e ao sentimento de impotência de familiares de vítimas de crimes hediondos. Não é por acaso: antes de tornar-se um popular autor de romances policiais, o escritor irlandês teve uma carreira bem-sucedida como advogado especialista em direito civil. Leia abaixo a entrevista exclusiva de Steve Cavanagh para a TAG!
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5 PERGUNTAS PARA STEVE CAVANAGH
1- Essa é uma história cheia de reviravoltas que mergulha profundamente nos lados sombrios da natureza humana. O que veio primeiro no processo de criação deste livro? Foi a premissa principal, um dos personagens, um dilema específico?
Sou um grande fã dos filmes de Alfred Hitchcock e dos livros de Patricia Highsmith. Hitchcock adaptou o primeiro romance de Highsmith, Strangers on a train, para o cinema, e eu sempre adorei a premissa dessa história. É basicamente um enredo de assassinato perfeito – e se dois estranhos se encontram, cada um quer matar alguém e eles decidem trocar os assassinatos? Ninguém sabe que eles se encontraram. Eles podem criar álibis perfeitos um para o outro, e não há ligação entre eles. Eu queria ver se conseguia pegar essa ideia e dar minha própria interpretação a ela. Então, no meu romance, duas mulheres se encontram em um grupo de apoio ao luto. Amanda e Wendy querem vingança contra os homens que destruíram suas famílias. Foi muito divertido escrever.
2- Qual personagem você achou mais desafiador de escrever e como elaborou suas complexidades e conflitos morais para que elas soassem autênticas ao leitor?
As duas personagens principais, Ruth e Amanda, apresentaram desafios únicos. Cada uma delas foi ferida, suas vidas destruídas pela violência. Eu queria mostrar isso, mas, ao mesmo tempo, não queria que nenhuma delas fosse vista simplesmente como vítima. São mulheres fortes, com iniciativa e coragem, e a questão era como fazer o leitor entender que elas estão sofrendo, mas que têm determinação para lutar e buscar vingança ou justiça pelo sofrimento que enfrentaram.
3- Você é um autor best-seller internacional de thrillers. Você sempre foi um leitor ávido de suspenses? Quem você diria que são suas maiores influências?
Já mencionei dois, Hitchcock e Highsmith, que são mestres do suspense em diferentes formas de mídia. Cresci lendo Thomas Harris e rapidamente achei o mundo do crime americano fascinante. Michael Connelly, John Connolly, Lee Child e John Grisham são grandes influências.
4- Este é um livro de suspense cheio de insights psicológicos. Como você equilibrou os elementos de thriller com os aspectos mais introspectivos da história?
Para mim, a ação e as cenas emocionantes de um livro não podem ser separadas da camada psicológica dos personagens. A menos que você entenda os personagens e se importe com eles, não importa quais circunstâncias ou desafios aterrorizantes eles enfrentem, o leitor não se importará. Minha primeira tarefa é fazer o leitor entender a psicologia do personagem e conhecê-lo como pessoa. Assim, quando ele estiver em perigo, o leitor não apenas ficará emocionado ou assustado, mas também sentirá pelos personagens como pessoas reais, porque terá essa conexão emocional com eles.
5- O que você espera que os leitores levem de Pactos Mortais, especialmente em relação aos dilemas morais e éticos que os personagens enfrentam?
Este livro explora o que acontece quando o sistema de justiça falha. O que uma pessoa comum faria quando não tem outra escolha senão agir por conta própria? Quero que o leitor se faça essa pergunta enquanto lê o livro e acompanha os personagens em seu caminho, questionando constantemente se, na mesma situação, tomaria a mesma decisão.
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A ESTANTE DO AUTOR
Primeiro livro que li: o primeiro romance policial foi O silêncio dos inocentes, de Thomas Harris. O primeiro livro completo foi O Senhor dos Anéis.
Livro que estou lendo: Karla’s choice, o romance de espionagem de Nick Harkaway, filho de LeCarré.
Livro que mudou minha vida: O diário secreto de um adolescente, de Sue Townsend. Foi a primeira vez que li um livro sobre coisas que eu entendia e sentia, como um adolescente de 13 anos.
Livro que eu gostaria de ter escrito: O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien. Não só pelos royalties, mas porque ainda é uma conquista literária impressionante.
Último livro que me fez chorar: Ratos e Homens, de John Steinbeck. Chorei muito.
Último livro que me fez rir: Muitos livros me fazem rir, mas lembro de rir bastante lendo O diário de Bridget Jones.
Livro que não consegui terminar: Não termino muitos livros. Fico à vontade para deixá-los de lado depois de cerca de cinquenta páginas, mas Ulisses, de James Joyce, é o campeão aqui. É o único livro que não consegui terminar duas vezes.
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Bom dia. Estou velho e quase não leio mais, porém Ulisses é um livro que tive em mãos, para ler, não consegui e não recomendo e não entendo o motivo de tantas análises e elogios. Talvez na língua original seria menos terrível, o que não acredito.
O problema deve ser do leitor, eu mesmo.