Reza a lenda que Nietzsche, em uma manhã de inverno de 1889, em Turim, avistou um camponês espancando brutalmente seu pobre cavalo. Compadecido, o filósofo atirou-se sobre o homem, espantando-o aos berros, em socorro do animal. Abraçou o pescoço do cavalo e começou a chorar compulsivamente até desmaiar. Levado de volta ao seu quarto por transeuntes que o socorreram, Nietzsche acordou de seu colapso depois de alguns minutos, e começou a balbuciar frases ininteligíveis, cantarolar, martelar o piano e soltar ruídos estranhos. Não era mais o mesmo – havia enlouquecido.
Reproduzia, assim, inconscientemente, a cena descrita no sonho de Raskólnikov, do livro Crime e castigo, quando ele, ainda criança, abraça e beija a carcaça ensanguentada de uma égua brutalizada por um bando de bêbados. “[Dostoiévski] é o único psicólogo com que tenho algo a aprender; ele pertence às inesperadas felicidades da minha vida”, declarou o filósofo, anos antes.
Foi a derradeira homenagem que Nietzsche fez à ficção de Dostoiévski. Durante os 10 anos seguintes, Nietzsche passou por uma série de tratamentos, que não obtiveram resultados. O filósofo morreu, em demência, em 25 de agosto de 1900, na cidade alemã de Weimar.
Na verdade no sonho de Raskólhnikov ele sente vontade de ser mais brutal ainda para com o cavalo morto pelos bêbados. Mas, Friedrich Nietzsche superou a si mesmo, ele está superado, Nietzsche acabou como um bom cristão e não como o psicopata super-homem da má filosofia dele, ao pedir clemência por um animal de tração que estava sendo açoitado.