Você já imaginou como seria sua vida se tivesse nascido em outra época, ou em outra parte do mundo? Afinal, se essas circunstâncias direcionam a trajetória de qualquer pessoa, para quem é LGBT isso pode ser ainda mais decisivo. Enquanto alguns países avançam no reconhecimento de direitos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por casais queer e a criminalização da LGBTfobia, outros, pelo contrário, criminalizam relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, com penas que variam de prisão até pena de morte.
O certo é que há muitas histórias por descobrir para que possamos construir um mosaico representativo de vivências queer ao redor do mundo. E a literatura é um território fértil para espalhar narrativas mais diversas de gênero e sexualidade. Conheça cinco livros LGBT fundamentais para traçar esse panorama e celebrar o direito de existir, amar, vibrar, ver e ser visto na vida e nos livros, aqui ou em qualquer lugar.
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1- Em nome do desejo, João Silvério Trevisan
A história de amor e ódio entre dois seminaristas divididos entre a sensualidade e a rigidez católica. Combinando profundidade psicológica e narrativa poética, este romance renova a todo momento sua atualidade.
“Denso, corajoso, emocionado, mas com emoção seguramente medida por uma forma severa, Em nome do desejo deve ser uma agradável (ou no mínimo perturbadora) surpresa para os leitores.”
2- O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
Publicado no final do século 19, o corajoso e explosivo romance do escritor irlandês representa um marco entre os livros de temática LGBT. A obra conta a história de um homem que leva uma vida dupla. Wilde explora dilemas morais e sexuais e desafia a moralidade conservadora da Inglaterra vitoriana nesta narrativa que chegou a ser usada contra ele em processos judiciais, resultando em uma condenação a dois anos de prisão por atentado ao pudor.
“A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é ceder a ela. Resista e a alma adoecerá de saudades de coisas que ela se proibiu, pelo desejo que suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegal.”
3- Vinco, Manoela Sawitzki
Na delicada transição da infância para adolescência, Manu percebe que a imagem que tem de si é diferente da forma como os outros a enxergam. Ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1990, este livro captura os traumas, dores e triunfos que se fazem presentes em transições das mais diversas naturezas.
“Como trans, sempre me interessam histórias de pessoas em passagens semelhantes, mas este livro é muito mais do que um caso narrado. É uma cena enorme, com países, continentes, universos e tempos. É um épico das nossas almas. Estou deslumbrada.”
— Laerte
4- A palavra que resta, Stênio Gardel
Aos 71 anos, Raimundo decide se alfabetizar para descobrir o conteúdo de uma carta nunca lida e guardada por 50 anos. Foi o único rastro que restou de Cícero, um amor secreto há muito perdido. Em uma prosa sensível e magnética, o autor conduz os leitores pelo passado do protagonista: os conflitos familiares, a dor de esconder sua sexualidade e as novas relações que estabeleceu depois de fugir de casa e cair na estrada. O livro foi finalista do Prêmio São Paulo e do Jabuti em 2022. No ano seguinte, levou o National Book Award. Stênio Gardel e a tradutora Bruna Dantas Lobato foram os primeiros brasileiros a conquistarem o prêmio.
“A magnitude deste romance está, primeiro, na invenção de um enredo poderoso sobre a dor da exclusão ― a exclusão da miséria, do analfabetismo, da solidão, do preconceito. E se completa com a força da linguagem que molda a história, palavra a palavra, na tradição dos grandes narradores brasileiros.”
― Socorro Acioli, autora de Oração para desaparecer
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Indicado ao clube por Stênio Gardel, este livro relata de forma poética, envolvente e cheia de sutilezas as recordações de um relacionamento entre dois homens na Polônia de 1980, em pleno declínio do regime comunista. Nessa trama, a crise pessoal do protagonista se mistura com a crise política do país, que atravessa seu próprio período de opressiva escuridão.
“O desejo me alcançou, como uma mensagem nítida, vinda de um lugar profundo dentro de mim, um lugar cuja existência eu nunca havia sentido, mas que reconheci de imediato.”
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