Mês do Orgulho LGBTQIAP+: o que é e dicas para debater
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Mês do Orgulho LGBTQIAP+: conheça a luta e saiba como debater o tema

duas meninas com símbolos da bandeira LGBTQIAP+ nos braços Share this post

Para quem está se familiarizando com os debates a respeito das vivências de gênero e de orientação sexual, é comum se deparar com alguns termos e siglas que despertam um pouco de dúvida. E com essa discussão cada vez mais presente na sociedade, pessoas aliadas ou até mesmo aquelas que se identificam com o movimento buscam saber como fortalecer e qualificar essa luta.

Para sanar essas questões, vamos apresentar uma reflexão sobre uma data que, de muitas maneiras, sintetiza esse constante combate ao preconceito e discriminação: o Mês do Orgulho LGBT, hoje atualizado como LGBTQIAP+.

Então, continue a leitura e confira o que significa a sigla LGBT, porque o mês de junho foi eleito como o Mês do Orgulho LGBT e de que forma propor essa conversa nos espaços!

O que significa a sigla LGBT?

A sigla LGBT foi criada como forma de simbolizar, reconhecer e identificar as pessoas que se percebem enquanto fora do padrão de normas de sexualidade e identidade de gênero impostos. Sendo relacionada, portanto, a Lésbicas, Gays, Bissexuais e pessoas Transgêneros.

E, assim como as evoluções no tema, o desenvolvimento dessas letras passou e ainda passa por transformações. Acompanhe um breve resumo dessa trajetória:

— Década de 1994 e o termo GLS

A primeira versão da abreviatura no Brasil nasceu na década de 1990 e era expressa como GLS (gays, lésbicas e simpatizantes). Essa formulação é creditada a uma ativista do audiovisual, Suzy Capó, e foi utilizada como forma de categorização de filmes que abordavam a temática na cena cultural.

Com o passar dos anos, no entanto, a colocação do termo ”simpatizantes” foi sendo deixada de lado, ao ser compreendido que poderia acabar roubando um protagonismo que precisa ser vivenciado e destacado por pessoas que, de fato, ocupassem essa comunidade.

— Nascimento do termo LGBT

A conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, GLBT, correspondeu a um verdadeiro ponto de transição na luta pelos direitos humanos dessa população no país.

Impulsionada pelos movimentos sociais, ela ocorreu com base em um Decreto Presidencial, em 2007, levando ao campo político e legislativo um pacto de enfrentamento. E foi como resultado das argumentações e conversas tidas nesse encontro que o termo GLBT, até então utilizado, foi invertido para LGBT, como forma de visibilidade às mulheres lésbicas.

— Acolhimento e surgimento do LGBTQIAP+

A amplitude e acolhimento da mobilização, junto com o reconhecimento de múltiplas vivências, fez com que sejam adicionadas novas representações, deixando para trás a sigla LGBT e adotando a abreviação de LGBTQIAP+.

Enquanto as letras LGBP são relacionadas à orientação afetiva e sexual, as de TQIA se associam à expressão, reconhecimento e identificação de gênero, ou seja, a como uma pessoa se reconhece. Conhece mais a fundo sobre cada uma a seguir:

  • Lésbica: mulher que se sente afetiva e sexualmente atraída por mulher;
  • Gay: homens que se relacionam com outros homens;
  • Bissexual: pessoas que se sentem atraídas e se relacionam tanto com homens quanto com mulheres;
  • Trans: uma pessoa trans é aquela que se reconhece e se define de forma contrária ao gênero atribuído a ela no nascimento. Aqui, essa nomeação é vista ainda como uma espécie de termo guarda-chuva, por abarcar transgêneros, travestis e transexuais;
  • Queer: utilizado para os sujeitos que preferem não se definir ou determinar com os rótulos de identificações de gênero e/ou sexuais;
  • Intersexual: condição biológica que caracteriza padrões genéticos que fazem com que uma pessoa não se encaixe no típico padrão de estabelecimento dos conceitos de ”homem” e ”mulher”;
  • Assexual: a assexualidade é uma compreensão sexual de que uma pessoa não se sente sexualmente interessada por outros indivíduos;
  • Pansexual: a pansexualidade rompe com as rotulações e definições, direcionando sua atração afetiva e sexual para as pessoas, independentemente do gênero ou sexualidade delas;
  • +: a colocação tem como intuito servir como uma demonstração de que qualquer pessoa que de alguma forma não se sinta representada ou acolhida pelas outras identidades seja acolhida pela comunidade.

Ainda que muitos vejam esse direcionamento com um viés pouco respeitoso, é preciso ter em mente que o ato de nomear vivências está diretamente relacionado com o reconhecimento e visibilidade de cada uma delas. Portanto, invocar e lutar por essa legitimação é disputar o direito de existir e resistir.

E agora que já entendeu um pouco mais sobre a história do movimento, confira 10 livros com personagens LGBTQIA+ que você precisa ler e descubra mais sobre como esse universo é explorado na ficção!

Por que o mês de junho é o Mês do Orgulho LGBTQIAP+?

O mês de junho foi eleito como Mês do Orgulho LGBTQIAP+ como forma de protesto e homenagem a uma série de atos, ocorridos nesse período, no ano de 1969, na cidade de Nova York. O Bar de Stonewall, conhecido por ser um local de confraternização segura em uma época onde essas vivências eram duramente criminalizadas, foi invadido pela polícia em 28 de junho.

Bar de Stonewall

A força repressora e violenta do Estado não esperava encontrar resistência, mas o que se viu a seguir foi uma série de revoltas, marcadas na história como Rebelião de Stonewall. O resultado pode ser sentido na força da mobilização responsável por articular e levar às ruas a primeira caminhada do orgulho gay, no ano de 1970.

No Brasil, tivemos o registro da primeira marcha em na cidade de São Paulo, 27 anos depois. E é por todo esse contexto que o mês de junho culmina em diversas atividades e realizações: para que a história não se repita e para que a luta pelo direito de amar e existir jamais seja abafada.

Assim como Stonewall ficou marcado na história, outras figuras também deixaram sua marca importante no movimento. Para conhecê-las, veja nosso conteúdo sobre “Mês do Orgulho: 10 figuras LGBTQIA+ que mudaram a história”.

Como debater sobre a luta do Mês do Orgulho LGBTQIAP+ na sociedade?

O preconceito e ignorância da discriminação só podem ser desconstruídos e combatidos com a potência transformadora da educação. E é nesse sentido que o debate sobre o tema fica ainda mais aquecido no Mês do Orgulho LGBTQIAP+.

A seguir, entenda sobre como incitar essas discussões em diferentes cenários:

1. Mês do Orgulho LGBTQIAP+ nas escolas

Levar essa conversa para as escolas ainda é uma possibilidade que gera controvérsia. No entanto, é essencial que se compreenda que o respeito às individualidades e diferenças faz parte de qualquer formação cidadã — principal objetivo desse espaço.

Ao ignorarmos essas necessidades, na tentativa de colocá-las para ”debaixo do tapete” ou por medo de não saber abordar, estamos criando perigosas lacunas e silêncios: alguns dos principais combustíveis do medo e da irracionalidade.

O confronto desse preconceito pode ser transformado a partir de uma postura acolhedora por parte dos professores e funcionários, e também pela integração de conhecimento e educação que apresentem referências sociais positivas para o debate.

Nesse sentido, é possível recorrer à arte em suas mais variadas formas, dando um contexto lúdico e bastante simbólico para a conversa. Trazer para a sala de aula a literatura, cinema e peças teatrais adequadas para cada faixa etária, por exemplo, é uma excelente saída.

E para fortalecer ainda mais essa compreensão, não deixe de conferir o nosso post de dicas de incentivo à leitura para o mês do orgulho LGBTQIAP+ para professores!

2. Mês do Orgulho LGBTQIAP+ nas empresas

A promoção do Mês do Orgulho LGBTQIAP+ nas empresas pode e deve ir além de movimentações pontuais e desconectadas.

E, ainda que alguns locais acreditem que ter pessoas contratadas que se identifiquem enquanto LGBTQIAP+ seja suficiente, implantar uma política interna que fomenta as discussões e debates sobre diversidade nas empresas é um dos melhores caminhos a serem adotados.

A aplicação de treinamentos e a prática de ações educativas de forma permanente, com o auxílio de obras e livros, qualifica e fortalece esse diálogo, sendo viável até mesmo na criação de uma biblioteca corporativa de acesso aberto.

Nesse sentido, é possível ir além ao aderir a iniciativas como o Empresa Leitora, que seleciona obras baseadas em diversidade e inclusão e realiza o envio de kits para o quadro de profissionais, surpreendendo com uma ação diferenciada na conexão entre empresas e funcionários!

E você, o que achou de conhecer o Mês do Orgulho LGBTQIAP+ e de conferir mais a fundo sobre os tipos de práticas que podem ser estimuladas nessa data? Para continuar por dentro desses e outros debates, não deixe de acompanhar o blog da TAG Livros.

Nos vemos na próxima!

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