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Ainda Estou Aqui: por que você precisa ler e assistir

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Se você habita a internet neste Brasil de 2024, provavelmente tem a impressão de que todo mundo está no cinema assistindo Ainda estou aqui, o filme nacional mais esperado do ano. No primeiro fim de semana de estreia, a produção levou 358 mil pessoas às salas de cinema e arrecadou R$ 8,6 milhões. Com direção de Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello, o longa é inspirado no livro de 2015 de Marcelo Rubens Paiva. O filme representa o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar.

A história contada nas páginas e na tela é um relato valioso e cheio de coragem que merece ser lido, visto e contemplado em todas as suas camadas. Ainda estou aqui narra a luta de Eunice Paiva, mãe de Marcelo, pela verdade, após a prisão e o desaparecimento do pai do autor em 1971, durante a ditadura militar. A morte de Rubens Paiva só seria confirmada 40 anos mais tarde, a partir de depoimentos de ex-militares à Comissão Nacional da Verdade.

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Livro foi enviado no kit de dezembro de 2016 da TAG Curadoria, com autógrafo do autor

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Lá em 2016, nós apostamos na força dessa narrativa e enviamos o livro de Marcelo Rubens Paiva para os associados, com curadoria do ator Hélio de la Peña. Em entrevista exclusiva concedida à TAG, o autor afirmou que o livro foi uma resposta a quem desconhece a história e as marcas da ditadura militar no Brasil.

“Retrata uma família, que não era uma família de guerrilheiros, era uma família de brasileiros, de democratas, e que como muitas famílias, sofreu por causa do regime militar. Algumas sofreram mais, outras menos. A minha sofreu um bocado.”

– Marcelo Rubens Paiva

Leia abaixo um trecho do texto publicado na revista da TAG Curadoria, sobre o período narrado em Ainda estou aqui.

Além da entrevista com o autor, a publicação teve fotografias da infância dos Paiva e uma breve história sobre os órgãos da repressão na ditadura militar. Confira aqui a edição digital.

Nascido em 1959, na cidade de São Paulo, Marcelo Rubens Paiva mudou-se para o Rio de Janeiro aos sete anos com seu pai, o deputado federal Rubens Paiva, sua mãe, Eunice, e suas quatro irmãs. Eunice representava a figura disciplinadora com quem Marcelo discutia por suas notas baixas e que o obrigava a estudar. Rubens era a válvula de escape para suas travessuras. Enquanto os pais dos amigos convidavam seus filhos para jogar futebol ou tênis, Rubens Paiva levava Marcelo para um bairro operário da Zona Norte do Rio, onde estava construindo casas populares. Lá, Marcelo aprendeu, com o maior orgulho, a fazer cimento, passar argamassa nas paredes, almoçar na marmita e carregar o martelo na cintura. Nos finais de semana, ia à praia com a família, onde passava horas no mar com o pai, pegando jacaré em suas costas. Até que, de repente, não havia mais Rubens Paiva.

Em 1971, seis militares armados com metralhadoras invadiram sua casa e deram ordem de prisão a seu pai, que nunca mais foi visto. A partir desse momento, Eunice teve de assumir o papel de mãe e pai, e cuidou sozinha dos cinco filhos.

[…]

No início do livro, o autor nos apresenta Eunice. Mulher de fibra, nunca foi uma figura amorosa, carinhosa, pronta para abraçar os filhos. Por outro lado, encontrou meios para pagar a educação de cinco crianças, entrou em primeiro lugar na faculdade de Direito aos quarenta e dois anos de idade e tornou-se uma advogada muito respeitada no país inteiro. Representava personalidades como o cantor britânico Sting, a fundação de Gilberto Gil e foi consultora da ONU e do Banco Mundual. Além disso, consagrou-se como uma das maiores referências em direito indígena, consultada por comunidades do mundo inteiro.

Foi de sua mãe que Marcelo pegou o gosto pela literatura. Afinal, Eunice lia de tudo. Dostoiévski, Tolstói, Balzav, Flaubert, Victor Hugo, Proust, Hemingway, Fitzgerald, Henry Miller, além de muita literatura brasileira – aguardava ansiosa na fila da livraria para comprar cada nova obra de Erico Verissimo. Muito bem relacionada, era amiga de escritores como Lygia Fagundes Telles, Antônio Callado, Millôr Fernandes e Haroldo de Campos.

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