Quem foi Machado de Assis?
Curiosidades literárias

Quem foi Machado de Assis?

Machado de Assis: a moeda comemorativa de 3 anos como associado da TAG Share this post

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro. Foi poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, além de seu primeiro presidente. O escritor dá nome a um dos principais prêmios literários nacionais, oferecido pela ABL, que condecora autores brasileiros pelo conjunto de sua obra desde 1941.

Filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira açoriana e descendente de escravizados libertos, Machado de Assis morava como agregado numa família de senadores do Império. Enfrentou uma infância difícil – vendia doces e caramelos na frente de colégios abastados – e foi um dos primeiros escritores brasileiros a não proceder da oligarquia rural ou das classes médias urbanas.

Aprendeu francês aos 12 anos. Como jornalista, transcrevia discursos políticos, tarefa que o permitia aprender sobre o Brasil, e dali tirava seus temas, se tornando um grande comentador dos eventos políticos e sociais da época em que viveu. Em 1880, foi designado Oficial de Gabinete do Ministério da Agricultura. Testemunhou a Abolição da Escravatura, em 1888, e a transição do Império para a República, assuntos latentes em sua obra.

Advinda de uma época em que se destacavam o romantismo no Brasil e o realismo na Europa, a obra de Machado de Assis apresentou uma originalidade despreocupada com definições estilísticas e ultrapassou, aos poucos, a estética comum nesses movimentos literários. Um dos motivos pelos quais é considerada insuperável no contexto da literatura brasileira é por constituir um objeto de estudo divisível em variadas camadas. Pode-se refletir sobre seus escritos pelo viés dos retratos histórico e social que constroem, investigar a notável complexidade psicológica dos personagens, ou, ainda, analisar os aprofundamentos filosóficos do autor e suas referências à literatura universal. Acadêmicos costumam dividir sua obra em duas fases: a primeira, “romanesca” e ingênua, e a segunda, próxima do realismo, que abriga as publicações mais célebres.

O marco de sua maturidade literária é o romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), no qual Machado de Assis apostou em técnicas como o uso da narrativa em primeira pessoa e da inverossimilhança. Na obra, narrada por um “defunto autor” representante da elite, o escritor faz suas críticas à formação do Brasil como país escravocrata e patriarcal. Traços dos mesmos recursos podem ser percebidos em seus romances subsequentes: Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1899), que será a obra-prima e colocará sua literatura em plano universal, Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Para Silviano Santiago, autor de Machado (2016), obra ficcional que investiga a relação entre a vida e a obra de Machado de Assis e foi vencedora do prêmio Jabuti, assim como o francês Gustave Flaubert ensinou o mundo a escrever romance, Machado de Assis ensinou a escrever romance em português. Todos os gêneros que ele escrevia (poesia, romance, conto, crônica e teatro), na época, não tinham uma definição tão clara: Machado de Assis participou, inclusive, da consolidação da crônica como gênero ao lado de outros autores, tendo publicado mais de seiscentas ao longo da vida.

Outro título que merece destaque é O alienista, tão importante para os contos de Machado de Assis quanto Memórias póstumas de Brás Cubas é para os romances. É o primeiro conto de Papéis avulsos (1882), apesar de poder ser lido separadamente como uma novela. Além de trazer a característica visão irônica sobre as transformações sociais, o texto toca em temas como Revolução Francesa e despotismo da ciência.

Machado era epilético, mas foi o câncer que deu fim à sua vida em 1908, mesmo ano em que publicou seu último romance. Hoje, é considerado um dos grandes expoentes da literatura brasileira, latino-americana e mundial.

4.8/5 - (58 avaliações)

9 comments

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas é um livro fantástico. Adorei o post sobre um autor tão importante para o Brasil. Adoraria receber uma dessas moedas rs

  • Sou novato no clube, acabei de fazer minha assinatura anual. Vocês pretendem continuar oferecendo a moeda ou outro presente similar para os associados que completarem o triênio?

    • Oi, Alexandro! O maior valor é o simbólico, pois representam o aniversário de clube! A moeda do Machado de Assis, por exemplo, é enviada aos associados que completam 3 anos de TAG.

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