As 18 escritoras brasileiras que você precisa conhecer
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As 18 escritoras brasileiras que você precisa conhecer

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As amarras do sexismo, racismo e misoginia, tão conhecidas e estruturadas em nossa sociedade, também se fazem presentes no universo da literatura. O ato da escrita e a oportunidade de contar histórias, narrar paixões e quebrar paradigmas foi, por séculos, exclusivamente reservada a homens, que se viam enquanto detentores naturais do poder de transformação e eternização das páginas de livros.

No entanto, a subversão de grandiosos nomes conseguiu ir além da marginalização e hoje nos presenteia com verdadeiras referências. E é para celebrar a força, luta e poder dessas mulheres, que para sempre estarão marcadas na trajetória do nosso país, que trouxemos uma lista com escritoras brasileiras que merecem todo nosso reconhecimento e destaque.

Passado, presente e sementes do nosso futuro se fundem em meio a nomes célebres ou que caminham para marcar a história. De norte a sul, obras de cordel, poema, slam, romance e resistências constroem a verdadeira potência e grandiosidade dos nomes a seguir. Continue a leitura e conheça mulheres da literatura brasileira!

1. Conceição Evaristo (1946)

Belo Horizonte, 29 de novembro de 1946: nascia Maria da Conceição Evaristo de Brito, conhecida como Conceição Evaristo. Vencedora do Prêmio Jabuti e autora de obras como ”Ponciá Vicêncio”, ”Canção para Ninar Menino Grande”, ”Becos de Memória” e ”Olhos d’água”, utiliza da capacidade transformadora das palavras para abordar os atravessamentos raciais, econômicos e de gênero na história.

A menina que enfrentou um cenário de pobreza e ainda criança se viu em meio ao trabalho como doméstica, tornou-se doutora pela Universidade Federal Fluminense. Sua capacidade de nos captar e emocionar faz com que a afeição pelas fortes mulheres que constrói nos inquiete de maneira a conseguirmos pensar criticamente no cenário de lutas, entregando uma ternura carregada de muita ancestralidade e coragem.

Conceição, aliás, já foi responsável pela escolha de uma das leituras daTAG Curadoria, trazendo o livro ”Eu Sei Por que o Pássaro Canta na Gaiola”, de Maya Angelou, para o debate. Confira uma entrevista exclusiva com Evaristo e entenda mais sobre seu olhar!

2. Cora Coralina (1889)

Aos 76 anos de idade, Ana Lins do Guimarães Peixoto, eterna Cora Coralina, viu a primeira obra ser publicada em território nacional. O nome, tão particular, foi escolhido como forma de representar seu coração. O reconhecimento a tornou a primeira mulher a receber o Troféu Juca Pato, adquirindo ainda o título de Doutora Honoris pela Universidade Federal de Goiás.

O alcance de seus contos e poesias pode ter parecido inimaginável para alguém que via a escrita como um gostoso passatempo, enquanto se dedicava aos ofícios de doceira, já viúva. Mas é dela toda a glória da publicação de livros como ”Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, ” A Menina, o Cofrinho e a Vovó”, ”Lembranças de Aninha”, ”De Medos e Assombrações” e tantos outros.

3. Maria Firmina dos Reis (1822)

A primeira escritora negra brasileira a ter sua obra publicada tem nome, sobrenome e uma história marcada pela valentia de quem desafiava tempos difíceis com a cabeça erguida e muito orgulho dos seus ideais. Essa foi Maria Firmina dos Reis, nascida na pacata ilha de São Luís do Maranhão. O ano era 1859 quando seu romance abolicionista, intitulado ”Úrsula”, trazia em suas páginas amareladas personagens escravizados que tomavam para si o protagonismo da própria história.

Pioneira, poeta, educadora e única, faleceu aos 95 anos de idade e, até hoje, pouco se sabe a respeito de sua verdadeira história e também imagem, que foi embranquecida e esquecida ao passar do tempo. Ao relembrar e retomar seus feitos, honramos os seus passos e a celebramos uma das maiores escritoras brasileiras.

4. Hilda Hilst (1930)

Responsável por marcar a literatura no século XX, Hilda Hilst, nascida no interior de São Paulo, foi uma das célebres mulheres da literatura brasileira, com obras como ”Contos d’escárnio”, ”A Obscena Senhora D” e ”Tu não te Moves de Ti”, navegou pelas águas da dramaturgia, poesia, crônica e ficção.

Suas produções eram atravessadas por discussões e enfrentamentos sobre a sexualidade feminina e loucura. Neta de imigrantes, formou-se no Direito, mas dedicou sua vida à paixão pela literatura e chegou a fundar a ”Casa Sol”, concebida como um espaço de amor à palavra e local onde abrigou outros contemporâneos de sua época.

Você sabia que uma de suas obras já foi adaptada para as telas do cinema? Conheça Unicórnio, filme inspirado nos contos de Hilst!

5. Izabel Nascimento (1979)

Temos espaço para o cordel? ”Tem, sim, senhô”! Com a palavra, Izabel Nascimento, nascida em Aracaju, Sergipe. Com muito orgulho, traz em sua escrita o resgate de uma cultura nordestina marcada pela tradição cordelista. Pedagoga, radialista e escritora, tem se dedicado a encantar o país com a herança de escritas que ecoem a realidade sertaneja.

Com a publicação dos livros ”Sementes de Girassóis”, ”Antologia das Mulheres do Cordel Sergipano” e folhetos de ”Receita da Boa Mulher” e ”A História da Umbanda em Cordel”, vem trazendo luz ao gênero literário tão permeado de ancestralidade e raízes.

6. Ruth Rocha (1931)

Com tradução para mais de 20 idiomas e tendo feito lançamentos na Organização das Nações Unidas, Ruth Rocha é uma escritora que dedicou grande parte de sua escrita à literatura infantil. Com milhares de livros vendidos, tem como destaques ”Marcelo Marmelo Martelo” e ”Quem Tem Medo de Quê?”. Ganhou o Prêmio Jabuti e recebeu condecoração do Ministério da Cultura pela forma como aborda assuntos como amizade, identidade e aceitação com seu público.

Não deixe de conferir: Empoderamento feminino: 8 livros para imersão no tema!

7. Cecília Meireles (1901)

Rio de Janeiro, novembro de 1901: nasce Cecília Benevides de Carvalho Meireles, conhecida internacionalmente como Cecília Meireles. Ganhadora de prêmios como Jabuti e Olavo Bilac, encontrou-se em meio aos gêneros de crônicas, prosas, poesias e contos, sendo parte do movimento modernista brasileiro.

Responsável pela fundação da primeira biblioteca infantil do Brasil, trouxe em suas obras reflexões bastante intimistas sobre a condição de ser mulher e feminilidade. Para conhecê-la, leia ”Espectros”, ”Criança, meu Amor”, ” Batuque, Samba e Macumba” e tantas outras opções.

8. Ana Maria Gonçalves (1970)

Mineira nascida na cidade de Ibiá, Ana Maria Gonçalves aventurou-se desde cedo na escrita de poemas e contos. No entanto, sua primeira publicação só ocorreu em 2002, anos após abandonar a carreira de publicitária. Foi com ”Ao Lado e à Margem do que Sentes por Mim” que fez sua estreia, mas, com ”Um Defeito de Cor”, publicado em 2006, recebeu projeção em todo o país.

Vencedora do Prêmio Casa de Las Américas, sua última publicação é considerada por muitos especialistas como uma das mais importantes do século XXI.

9. Lygia Fagundes Telles (1918)

Marcada por histórias que encantaram ao discutir amor, solidão, insanidade, paixão e morte, Lygia Fagundes Telles tinha na literatura sua verdadeira paixão. Formada em Direito, expressava muito bem os impasses e dramas tão característicos de classes abastadas. Sua sensibilidade e sutileza renderam o Prêmio Camões e a colocam no hall de escritoras brasileiras famosas.

Para conhecê-la, busque ”Ciranda de Pedra”, ”As Meninas” e ”Antes do Baile Verde”, consideradas suas verdadeiras obras-primas.

Está gostando das indicações? Aproveite e confira depois quais são os 8 poemas escritos por mulheres que você precisa ler hoje!

10. Carolina Maria de Jesus (1914)

A fome, extrema pobreza e preconceito racial tentaram tirar de Carolina Maria de Jesus a oportunidade de registrar sua voz. No entanto, o talento da escritora negra brasileira, que nasceu em uma zona rural e cresceu em uma favela de São Paulo, viu sua máxima expressão nas folhas sujas de cadernos que encontrava durante o dia a dia como catadora.

”Quarto de Despejo” retrata a luta pela sobrevivência em meio a condições de extrema vulnerabilidade e a alçou para os holofotes. Seu nome foi celebrado e referenciado até mesmo por contemporâneas como Clarice Lispector. Para celebrar sua história, também é possível pesquisar suas outras obras, intituladas ”Casa de Alvenaria”, ”Pedaços de Fome” e ”Provérbios”.

11. Ana Cristina Cesar (1952)

Uma das maiores figuras da intitulada poesia marginal, Ana Cristina Cesar produziu, em sua breve passagem, escritos que ainda ecoam e são carregados de desafios, subversão e contestação de elementos do que era considerada bela arte. Como parte da geração conhecida como Mimeógrafo, era do campo dos que acreditavam que a arte deveria ser livre e de fácil acesso a todos, celebrando o rompimento das amarras do tradicionalismo.

Em ”A Teus Pés”, ela reúne elementos de poesia e prosa para representar seu dia a dia de maneira bastante intimista e desconstruída.

12. Ryane Leão (1989)

É provável que você já tenha se deparado com as poesias da cuiabense Ryane Leão. ”Tudo Nela Brilha e Queima” e ”Jamais Peço Desculpas por me Derramar”, lançado em parceria com Laura Athayde, retratam de forma crua, sensível e singular os atravessamentos entre amor, raça, luta e desejo, vibrando a identidade de mulheres negras e seus processos de construção de autoaceitação.

13. Rachel de Queiroz (1910)

Cearense nascida na capital, Rachel de Queiroz publicou seu primeiro livro aos 19 anos. Intitulado de ”O Quinze”, traduz as dificuldades e profunda desigualdade social que assolou por décadas a região nordeste. Tendo como pano de fundo a seca e miséria, o romance desbrava sua originalidade e potência.Suas escritas a concederam prêmios como Jabuti, Camões e Graça Aranha de Literatura, tendo sido projetada ainda para a conquista de seraprimeira mulher a participar da Academia Brasileira de Letras.

14. Clarice Lispector (1920)

Ainda que nascida na Ucrânia, Clarice Lispector jamais se viu pertencente a uma nação que não fosse a de terras brasileiras. Criada em Maceió e posteriormente alocada no Rio de Janeiro, formou-se advogada e descobriu sua verdadeira paixão em meio à escrita. Amor, tabus, melancolia e loucura permeiam algumas de suas principais obras.

Sua primeira publicação, ”Perto do Coração Selvagem”, ainda ecoa enquanto um grande marco da literatura nacional, além de ”A Hora da Estrela”, ”A Paixão Segundo G.H.” e muitas outras obras fundamentais para entender Lispector.

15. Djamila Ribeiro (1980)

Djamila Ribeiro se consagra como uma notável escritora negra brasileira. Seu primeiro livro só chegou aos 37 anos de idade, depois de ter atingido certa notoriedade e projeção por conta de seu forte ativismo e militância pelo movimento negro. ”O que é Lugar de Fala”, de 2017, discute sobre atravessamentos estruturais que culminam na opressão de mulheres pretas.

É dela também o livro mais comercializado em 2020, o ”Pequeno Manual Antirracista”. Hoje, ocupa ainda a cadeira de nº 28 da Academia Paulista de Letras, que um dia já foi de Lygia Fagundes Telles, sendo a primeira mulher negra a conquistar esse espaço. Para conhecê-la, é possível ainda devorar ”Quem tem Medo do Feminismo Negro” e ”Cartas para Minha Avó”.

16. Adélia Prado (1935)

Mineira da cidade de Divinópolis, Adélia Luzia Prado de Freitas, ou simplesmente Adélia Prado, é uma expoente do modernismo — além de contar com seu talento como filósofa, contista, poetisa e educadora. Vencedora do Prêmio Jabuti pelo livro ”O Coração Disparado”, teve como seu lançamento no mundo literário a obra ”Bagagem”. Compõem sua lista de feitos diversos livros de prosa, poesia e antologia, onde discute as relações de feminilidade, vida, intelectualismo e papéis em sociedade.

17. Jarid Arraes (1991)

A cearense Jarid Arraes é mais um importante nome que busca oresgate da cultura sertaneja do sertão. Multitalentosa, conta com a construção do cordel, romances e poesias. Criadora de um clube de escrita para mulheres, é uma ativista da voz feminina e tem como trabalhos notórios as obras ”As Lendas de Dandara”, ”Redemoinho em Dia Quente” e ”Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis”.

18. Mel Duarte (1988)

Descoberta pela arte de rua e lapidada pelas atuações em saraus e slams, Mel Duarte, nascida e criada em São Paulo, é produtora, escritora e slammer que utiliza da arte e do poder das palavras para falar sobre a vida de mulheres negras em meio a vivências sociais, políticas, de classe e de gênero, assim como questões espirituais. ”Fragmentos Dispersos”, ”Negra Nua Crua” e ”Mormaço – Entre Outras Formas de Calor” integram suas produções.

Com tantas indicações, difícil vai ser decidir por onde começar, certo? Afinal, não faltam opções de escritoras brasileiras que nos presenteiam com histórias e narrativas capazes de nos transportar aos mais diferentes cenários e sentimentos.

Talento, ousadia, força e resistência marcam esses nomes que nos convidam a abraçar o que há de mais genuíno e autêntico em nossa literatura. Mas, para dar aquele empurrãozinho, que tal aproveitar para conhecer mais sobre ”Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis? A produção foi escolhida para a estreia do projeto intitulado como ”Trilha: Vozes Negras”, da TAG.

Não perca essa chance e até a próxima!

3.2/5 - (50 avaliações)

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