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Conheça a trajetória literária de Luis Fernando Verissimo

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Cronista, contista, romancista, roteirista, cartunista e músico, Luis Fernando Verissimo é um dos mais bem-sucedidos e populares escritores brasileiros contemporâneos, superando a marca de cinco milhões de vendas, mais de sessenta títulos publicados e um Prêmio Jabuti (2013) conquistado. Dono de uma sensível e bem-humorada percepção do cotidiano, é também responsável pela criação de alguns dos personagens mais célebres do imaginário brasileiro. O escritor é o nosso primeiro curador de 2018: ele escolheu o livro que será enviado aos associados da TAG na caixinha de janeiro.

Luis Fernando nasceu em 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, filho de Mafalda Halfen Volpe e Erico Verissimo, um dos mais importantes escritores brasileiros até hoje. Carregar tal grau de parentesco era, para ele, uma espécie de fardo que o próprio pai percebia e compreendia, embora tenha levado Luis Fernando a uma adiantada intimidade com a literatura. Erico, ávido devorador dos romances de Aluísio Azevedo, Joaquim Manuel de Macedo, Émile Zola e Fiódor Dostoiévski, proporcionou ao filho um rico berço literário: seus primeiros brinquedos foram os livros, e seu playground, a biblioteca de casa. Luis Fernando ainda lembra de momentos de sua infância e adolescência, como quando ouvia sua mãe conversando com Clarice Lispector, ou seu pai recebendo telefonemas de Jorge Amado.

Quando Verissimo tinha sete anos de idade, seu pai aceitou um convite para lecionar na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e levou a família para morar nos Estados Unidos. Nessa época, Erico ainda não havia publicado a maior parte dos livros que o consagrariam como um dos maiores nomes da nossa literatura, mas já gozava de considerável prestígio em virtude do romance Olhai os lírios do campo (1938), sua primeira obra reconhecida dentro e fora do Brasil.

Apesar da precoce relação com o universo literário, Verissimo cresceu sem jamais ter cogitado ser escritor. Conta que, quando criança, queria ser aviador; na adolescência, passou a sonhar em ser arquiteto; depois, no início da juventude, apaixonou-se pelo jazz. Viajou pelos Estados Unidos para assistir a espetáculos de Charlie Parker e Dizzy Gillespie e aprendeu a tocar saxofone, instrumento que o acompanha até hoje.

Na sua volta ao Brasil, já com vinte anos, Verissimo trabalhou no departamento de arte da Editora Globo, em Porto Alegre, e depois passou a atuar como tradutor e redator publicitário no Rio de Janeiro, onde conheceu sua futura esposa Lúcia Helena Massa, com quem viria a ter três filhos. Em 1967, então com trinta anos de idade, voltou à capital gaúcha – para iniciar, sem ter consciência disso na época, sua carreira como escritor.

Foi contratado pelo jornal Zero Hora, onde passou a fazer de tudo. Como era muito tímido para ir às ruas e conseguir entrevistas, acabou trabalhando nos bastidores, editando matérias e revisando textos. Escreveu até horóscopo – “Meu primeiro exercício na ficção”, brinca. Certo dia, um colunista do jornal saiu de férias e Verissimo ofereceu-se para assumir seu lugar temporariamente. A crônica acabou lhe surgindo de forma natural, pois “é um gênero indefinido. Ninguém sabe exatamente onde ela inicia e onde termina e, assim, eu escrevia qualquer coisa e chamava de crônica”. O fato é que deu certo, o temporário virou permanente e, mais ou menos por acaso, Verissimo começou a ser chamado de escritor.

De lá para cá, publicou milhares de crônicas e mais de sessenta livros, tornando-se um dos mais populares autores contemporâneos. Embora a maioria dos livros seja de compilação de crônicas publicadas em jornais, Verissimo também escreveu romances, como O jardim do diabo (1987), Gula – o clube dos anjos (1998) e A décima segunda noite (2006). Suas obras mais recentes são As mentiras que as mulheres contam, publicada em 2015, e Verissimas (2016), coletânea com as suas mais engraçadas e espirituosas frases, organizada pelo publicitário e jornalista Marcelo Dunlop. Apesar de não lançar livros na mesma frequência de antigamente, ainda é possível acompanhar novos textos seus nas colunas de Zero Hora, Estadão e O Globo.

A obra de Verissimo está por todos os lugares. É difícil não ter ouvido falar do Analista de Bagé, psicanalista freudiano da fronteira gaúcha, conhecido por seus métodos inusitados e linguajar campeiro. Ou a Velhinha de Taubaté, “a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo”, criada como crítica ao governo do general João Figueiredo. Ou, ainda, Ed Mort, um dos detetives mais cômicos da nossa literatura policial, um trapalhão que gostaria de ser tão charmoso quanto Sherlock Holmes – mas, é claro, não consegue. Seus personagens têm traços fortes, caricatos – para Verissimo, o humor é a arte do exagero. Sua narrativa é veloz, repleta de diálogos e conduzida por um humor satírico.

Quando ingressou no jornal Zero Hora, seu pai já havia publicado todos os volumes da trilogia O tempo e o vento e era considerado um dos principais escritores de língua portuguesa do século XX. Tão logo o filho assinou suas primeiras crônicas, as comparações tornaram-se inevitáveis. Mas isso não foi problema, pois Verissimo optou, convicto, por uma trajetória diferente da do pai: apesar de se aventurar pelos romances, foi principalmente na crônica e no cartum que construiu seu legado literário. Os caminhos não foram os mesmos, mas levaram a um lugar semelhante: ao posto de um dos principais escritores brasileiros de sua época.

Ainda não é associado da TAG e quer receber o kit contendo o livro indicado por Luis Fernando Verissimo? As inscrições estão abertas até o dia 10 de janeiro de 2018. Saiba mais.

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