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5 livros fundamentais para conhecer Clarice Lispector

Clarice Lispector Share this post
Luise Spieweck Fialho | Redatora
Luise Fialho

Clarice Lispector é um dos grandes ícones da literatura brasileira. Nascida em 1920 como Chaya Lispector, chegou ao Brasil nos braços dos pais Pinkhas e Mania em 1922, fugindo da perseguição aos judeus na Ucrânia. Apesar de terem desembarcado em Maceió, a escritora considerava como sua cidade natal o Recife, onde morou dos 4 aos 15 anos.

Sua obra está repleta de mergulhos psicológicos profundos a partir de cenas do cotidiano. Além de romances, escreveu uma série de contos e crônicas e passou pelas redações de jornais como A Noite Correio da Manhã.

Quer adentrar a obra dessa expoente da literatura nacional? Conheça cinco livros fundamentais:

Perto do coração selvagem (1943)

O romance de estreia de Clarice Lispector já traz a marca do seu estilo introspectivo e foi premiado como melhor romance de estreia pela Fundação Graça Aranha, em 1944. O livro conta a história de Joana, uma protagonista que expressa sua vida interior por meio de fluxos de consciência: ela contrapõe as experiências de menina e mulher, intercala passado e presente. O original de Perto do coração selvagem foi encaminhado para os dirigentes do jornal A Noite, onde Clarice trabalhava na época e que contava com uma editora, na qual foi publicado. O livro deu o que falar no círculo literário, recebendo elogios da crítica e comparações com escritores como Virginia Woolf e James Joyce. Mais tarde, Clarice afirmaria não ter lido nada desses autores antes de escrever seu primeiro romance. Ao mesmo tempo, em função de seu sobrenome incomum, tiveram início os boatos de que Clarice Lispector seria, na verdade, o pseudônimo de algum escritor famoso.

Laços de família (1960)

A primeira coletânea de contos lançada por Clarice contém, entre suas treze histórias, algumas das narrativas curtas mais célebres da escritora. É o caso de “Amor”, no qual a visão de um cego mascando chiclete leva a protagonista, uma dona de casa dedicada ao marido e aos filhos, a confrontar a própria existência. Da mesma forma, os demais contos do livro trazem personagens surpreendidos por uma perturbação da banalidade de seus cotidianos, a partir da qual desconstroem a realidade que conhecem e são levados a uma contemplação filosófica da vida.

A paixão segundo G. H. (1964)

G. H., a protagonista e narradora do romance, despede sua empregada doméstica e decide fazer uma limpeza no quarto de serviço. A partir desse enredo aparentemente banal, nasce uma das cenas mais conhecidas da literatura brasileira: o momento em que G. H. esmaga e coloca na boca a barata que encontra dentro de um dos armários. Ocorre, então, a saída da rotina em direção ao selvagem que habita essa mulher, dona de casa e mãe.

A hora da estrela (1977)

Lançado pouco antes do falecimento da escritora, em 1977, A hora da estrela é protagonizado pela solitária Macabéa, alagoana que trabalha como datilógrafa no Rio de Janeiro. Clarice está presente na obra na forma do escritor Rodrigo S. M., que está à espera da morte e escreve essa história “na hora mesmo em que sou lido”. Desprovida de atrativos, Macabéa passa as horas vagas ouvindo o rádio e namora o metalúrgico nordestino Olímpico, que acaba a deixando para ficar com Glória. A protagonista continua sozinha até que um dia, seguindo uma recomendação de Glória, visita uma cartomante que revela toda a inutilidade de sua vida, mas também prevê o casamento com um estrangeiro rico.

A descoberta do mundo (1984)

Clarice exerceu o jornalismo desde 1941, quando ingressou como repórter na Agência Nacional. A descoberta do mundo é um livro de crônicas compiladas após sua morte e escritas para o Jornal do Brasil, nas quais discorre sobre temas variados: acontecimentos recentes ou cotidianos, suas angústias e indagações acerca da existência. Sua coluna foi um espaço de aproximação e diálogo com os leitores, no qual respondia a cartas e conversava sobre textos anteriores.

Você já leu algum livro de Clarice Lispector? Comente!

4.9/5 - (210 avaliações)

27 comments

  • Destes só não li A Descoberta do Mundo. A mim, ela toca profundamente. Acho genial, criativa e comovente. Costumo ler grifando(quase tudo) .

    • Bom dia, Boa tarde ou Boa noite Cláudia, td bem, preciso de sua ajuda por favor, eu ñ li nenhum livro sobre Clarice, dentre esses que vc leu o que MAIS TE CONSTESTOU, TE PÔS A PENSAR SOBRE SI, TE FEZ REPENSAR NA TUA EXISTÊNCIA, SABER QUEM VC REALMENTE É…Alguns desses Contos propôs algo assim? Aguardo o seu conselho…Obrigado Cláudia, Abço…

  • Clarice é a minha autora favorita. Já li todos os livros dessa seleção – A Hora da Estrela é aliás o meu predileto de toda a sua obra. É incrível como a história de Macabéa ainda faz-se atual principalmente nesse Brasil, hoje mais do que nunca, pobre de todo o tipo de respeito para com a figura da mulher que os Bolsonaros nos apresentam.

  • Minha grande paixão: Clarice Lispector! Principalmente “Uma aprendizagem ou O livro dos Prazeres”!!!
    Parabéns à Tag por divulgar os livros de Clarice!

  • Já li quase todos os livros de Clarice Lispector. Adoro A Paixão Segundo G.H e Minhas Queridas, que são meus preferidos. Há de se ter coragem de ler seus livros, pois sua escrita é por demais perturbadora e instigante. De fato, “não se lê Clarisse impunemnte”!

  • Eu tenho alguns livros dela , como também estudo sobre a Obra e biografia – Paixão Segundo G.H.; A Descoberta do Mundo; Água Viva; Laços de Família; A cidade sitiada; A Bela e a Fera; Correspondências; Clarice: uma biografia, de Benjamin Moser e A mística redeviva de Clarice Lispector: a paixão segundo G.H., de João Alfredo Montenegro.

    Uma de minhas autoras preferidas.

  • Clarice Lispector, livros de cabeceira. Com toda certeza, li e recomendo! Sobretudo “A hora da estrela” e por tabela o filme homônimo de Suzana Amaral. Espetáculo a parte #Listas #claricelispector #tutadepaula

  • Amo os livros da Clarice por ela seguir essa linha existencialista em que a partir de um fato do cotidiano passamos a repensar nossa vida. Isso fica muito nítido também no livro a paixão segundo G.H.

  • gostaria de saber se todos os livros so parecidos com o agua vida, estilo poetico, eu prefiro um estilo nao poetico, alguem sabe me dizer quais livros dela não sao poeticos/?

    • A hora da estrela, na minha opinião, é o menos poético. Todos os outros livros que li da Clarice são assim, profundos, poéticos, carregados pelo fluxo de consciência…

  • Bom dia, Boa tarde ou Boa noite Irene, td bem, preciso de sua ajuda por favor, eu ñ li nenhum livro sobre Clarice, dentre esses que vc leu o que MAIS TE CONSTESTOU, TE PÔS A PENSAR SOBRE SI, TE FEZ REPENSAR NA TUA EXISTÊNCIA, SABER QUEM VC REALMENTE É…Alguns desses Contos propôs algo assim? Aguardo o seu conselho…Obrigado Irene, Abço…

  • Li Clarice, li muito, me apaixonei, foi um encontro de almas. Escrevo poemas, acho que escrevo. E troco ideias com Clarice nas madrugadas, como fazem as almas amigas. E recebo toques sobe esse ou aquele escrito e releio e refaço, e fica muito melhor. Clarice é pra ser lida, mas é para ser amada, principalmente.

  • Eu já li A Hora da Estrela, A paixão segundo GH e Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres. Devo dizer que sou portuguesa e vivo e Portugal. Adoro esta escritora de língua portuguesa e considero que os livros dela tem um tanto de perturbadores ( A paixão segundo GH) como de belo ( uma aprendizagem ou o livro dos Prazeres) ou ainda de filosóficos ( A hora da estrela ) autora que representa bem a nossa língua e que nos deixa a pensar no nosso eu cada vez que viramos uma pagina de um livro escrito por Clarice Lispector

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